Lula defende reconstrução da BR-319, mas ministra Marina Silva fala em aumento das queimadas; grilagem e desmatamento

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Andreazza Noticia

Lula defende reconstrução da BR-319, mas ministra Marina Silva fala em aumento das queimadas; grilagem e desmatamento

Presidente defende pavimentação como solução para isolamento de Manaus, enquanto ministra alerta sobre impacto ambiental na Amazônia

A BR-319, rodovia que liga Manaus a Porto Velho, capital de Rondônia, tornou-se foco de constraste dentro do governo federal, expondo divergências entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. A pavimentação de 400 km da estrada, que corta uma das regiões mais preservadas da Amazônia, gera controvérsias que envolvem o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental.

Na última semana, durante visita à Amazônia, Lula reafirmou seu compromisso em retomar as obras da BR-319, enfatizando a importância de conectar a capital amazonense ao resto do país. “Nós não podemos deixar duas capitais isoladas”, afirmou Lula em discurso em Tefé, no Amazonas.

Para o presidente, a rodovia é vital para evitar o isolamento de Manaus, especialmente em períodos de seca que tornam o rio Madeira inavegável. Ele destacou a necessidade de equilibrar o desenvolvimento da região com a proteção ambiental. “Nós vamos fazer com a maior responsabilidade, queremos construir uma parceria de verdade para que não haja desmatamento ou grilagem de terra”, disse Lula.

Contudo, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, vê o projeto com grande cautela. Em entrevista ao CanalGov nesta terça-feira (17), Marina alertou para os potenciais riscos da obra, apontando que o asfaltamento do trecho central da BR-319 pode “agravar o problema das queimadas” e contribuir para o aumento da grilagem e do desmatamento. “É fundamental que se faça uma avaliação ambiental estratégica. A abertura dessa estrada pode causar um impacto muito grande, agravando inclusive esse problema que nós estamos vivendo”, declarou Marina.

O embate entre as duas visões reflete um histórico de posições divergentes entre Lula e Marina em questões ambientais. Enquanto o presidente busca conciliar desenvolvimento com a necessidade de melhorar a infraestrutura do país, a ministra defende uma abordagem mais conservadora, priorizando a proteção da Amazônia. Ela ainda lembrou que parte do trecho da rodovia, próxima a Porto Velho, já possui licença ambiental desde 2007, mas alertou que outros 500 km atravessam uma área altamente preservada, o que representa um desafio significativo para sua pavimentação.

A história da BR-319 remonta à década de 1970, quando a estrada foi construída durante a ditadura militar. No entanto, grande parte da rodovia foi abandonada ao longo dos anos, tornando-se intransitável, especialmente durante a temporada de chuvas. Nos últimos anos, o projeto de pavimentação da rodovia tem sido um ponto de discórdia entre diferentes governos. Durante o governo Bolsonaro, a obra ganhou apoio, com a emissão de uma licença ambiental que foi posteriormente cassada pela Justiça Federal.

Agora, a retomada do debate sobre a BR-319 coloca novamente em evidência os dilemas entre infraestrutura e sustentabilidade. Para Lula, o desenvolvimento da região deve ser realizado de maneira responsável, com um pacto que envolva os governos estaduais e o governo federal. “Nós queremos utilizar a Amazônia como um patrimônio soberano deste país, e estudar a riqueza da biodiversidade para fazer com que os povos indígenas, ribeirinhos, extrativistas possam viver e ganhar dinheiro por conta da preservação”, afirmou o presidente.

Apesar das divergências, tanto Lula quanto Marina Silva reconhecem a importância de ouvir as demandas da população local. O presidente enfatizou que as obras serão realizadas com base em estudos técnicos, enquanto a ministra reforçou a necessidade de uma governança forte para evitar impactos irreversíveis na floresta. “Por que nesses últimos 16 anos não foi feita essa estrada? É porque é uma estrada de altíssima complexidade”, disse Marina, referindo-se às dificuldades ambientais e sociais envolvidas.

Fonte: Rondônia Dinâmica

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