No Rio de Janeiro e em São Paulo, foram eleitos candidatos de direita, com discursos contra o PT e o aborto
O Conselho Federal de Medicina (CFM) realizou eleições para os nomes que vão integrar a gestão 2024-2029 do órgão. Os resultados foram divulgados na última quarta-feira 7.
Cada estado, além do Distrito Federal, elegeu dois conselheiros federais, bem como seus respectivos suplentes. Eles vão tomar posse no início do próximo mês de outubro, junto de outros dois representantes indicados pela Associação Médica Brasileira, a AMB.
A votação foi totalmente online. Pouco mais de 408 mil profissionais votaram, o que representou uma participação de 75,22%.
De maneira geral, a eleição para o CRM foi marcada por uma forte polarização. Nas semanas anteriores ao pleito, o Conselho chegou a restringir entrevistas de candidatos e ameaçou cassar chapas que desrespeitassem “símbolos nacionais”. A atual gestão tem um histórico de apoio bolsonarista.
Por conta do contexto, a eleição também foi marcada pela atuação de parlamentares bolsonaristas em prol de candidaturas favoráveis ao projeto de lei que proíbe a assistolia fetal a partir da vigésima segunda semana de gravidez – o que, na prática, inviabiliza o aborto legal tardio no Brasil.
Exemplo disso foi o Rio de Janeiro. No estado, o conselheiro eleito foi Raphael Câmara, que relatou a resolução do CRM que apoiava o Projeto de Lei contra o aborto. Câmara, que era apoiado pelo ex-ministro da saúde do governo Jair Bolsonaro (PL), Marcelo Queiroga, disse que considerava “importante não permitir que quem apoie o PT entre no CFM”.
Já em São Paulo, o infectologista Francisco Cardoso foi eleito para representar o estado no CFM. A chapa dele, que se dizia “a única chapa de direita para o CFM”, obteve 37,97% dos votos.
O médico foi um dos que defendeu publicamente o uso de cloroquina para o tratamento da Covid-19. Em 2021, ele chegou a defender o medicamento em uma sessão da Câmara dos Deputados, apesar da indicação contrária da Organização Mundial da Saúde.
Fonte: Carta Capital
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