Quem prestou relevante serviço a quem? Elon Musk, um dos homens mais ricos do mundo, dono do X, ex-Twitter, ao atacar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, considerado por Bolsonaro seu inimigo número um?
Ou Bolsonaro ao defender Musk depois que Moraes abriu uma investigação contra o empresário e anunciou uma multa diária caso o X desobedeça a qualquer ordem judicial dentro do inquérito que apura a existência de milícias digitais?
À primeira vista, Bolsonaro tem mais o que agradecer a Musk. É Bolsonaro que corre o risco de ser preso por atentar contra a democracia. O risco que Musk corre é o de amargar prejuízo com a eventual interrupção dos negócios do X no Brasil.
Mas para isso ele terá de desrespeitar ordens judiciais, e Musk se apressou a sugerir que não o fará. Disse que vai contestar as ordens injustas junto à justiça. E só pode ser junto à justiça brasileira. Quanto ao mais, poderá provocar barulho.
Em live com dois dos seus filhos, Eduardo e Carlos, Bolsonaro, a propósito da fala de Musk, afirmou que tem “forte apoio fora do Brasil”. De fato, tem. Os maiores líderes da extrema-direita mundial o apoiam incondicionalmente.
Segundo Bolsonaro, a democracia brasileira “está ameaçada” e a liberdade de expressão precisa “ser garantida”. Porque “a gente quer voltar à normalidade, à paz, à tranquilidade, mas as pessoas estão se excedendo, e não é de hoje”.
Parece até que não foi ele que ameaçou a democracia ao planejar um golpe; não foi ele que abalou a normalidade e a paz do país com tudo o que fez ou tentou fazer nos seus quatro anos de desgoverno. Musk prestigiou-o o mais que pôde.
E continua a prestigiá-lo, uma vez que ele e Bolsonaro são bananas do mesmo cacho. Foi só para socorrer Bolsonaro que Musk quebrou seu silêncio sobre o Brasil? Foi principalmente em defesa dos seus negócios que ele escreveu no X:
“Brevemente, o X publicará tudo o que foi exigido por Alexandre e como esses pedidos violam a lei brasileira. Este juiz tem descaradamente traído a Constituição e o povo do Brasil. Ele deveria renunciar ou ser impugnado”.
Moraes respondeu poucas horas depois:
“[É inaceitável] que qualquer dos representantes dos provedores de redes sociais e de serviços de mensageria privada, em especial o ex-Twitter, atual X, desconheça a instrumentalização criminosa que vem sendo realizada pelas denominadas milícias digitais na divulgação, propagação, organização e ampliação de inúmeras práticas ilícitas nas redes sociais, especialmente no gravíssimo atentado ao Estado Democrático de Direito”.
O ministro é relator de inquéritos que apuram a circulação de fake news. Entre as contas suspensas por ele estão a do blogueiro Allan dos Santos, do empresário Luciano Hang, e dos ex-deputados Daniel Silveira e Roberto Jefferson.
Musk promete restabelecer essas e outras contas vetadas. Bolsonaro dá-lhe corda:
“Ele [Musk] é uma pessoa de falar pouco, mas tem bala na agulha, uma das pessoas mais ricas do mundo que trabalha pela liberdade”.
A Internacional Comunista foi uma organização fundada em 1919 por Vladimir Lenin para reunir os partidos comunistas de diferentes países sob a tutela da União Soviética. Ela deixou de existir em 1943, em plena Segunda Guerra.
O cientista político Christian Lynch avalia que o Brasil neste momento está sendo atacado pela Internacional Fascista, rede de extrema-direita que tem Musk como um de seus mais destacados protagonistas:
“O Brasil sofre um ataque da Internacional Fascista através de Viktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria, Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, e Musk. Ela tenta jogar o sistema político contra a justiça para salvar Bolsonaro e deixá-lo no jogo.”
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