Ministro Andreazza, RO - A investigação do Ministério Público de Goiás de um esquema de manipulação de resultados em três jogos da Série B do ano passado — em que jogadores teriam recebido uma oferta de R$ 150 mil para cometer pênaltis — levantou questões sobre como funciona o mercado de apostas esportivas no país e de como esquemas como esse podem ocorrer.
O próprio MPGO detalhou como atletas eram cooptados para que o grupo lucrasse alto com uma combinação de penalidades no primeiro tempo das partidas. Mas a ausência de um dos atletas, que não foi relacionado para o duelo entre Vila Nova x Sport, impediu que os ganhos (estimados em R$ 2 milhões) fossem obtidos.
Apostas esportivas são legais no Brasil?
As apostas esportivas são legais no Brasil, mas o mercado ainda não está regulamentado. As empresas operam sob uma autorização do executivo federal, mas ainda se aguarda a publicação das normas de operação.
Como funciona uma aposta esportiva?
Alguns dias antes dos jogos, as casas de apostas abrem mercados para a partida. São várias opções, como o vencedor do duelo, autores dos gols, quantidade de escanteios, cobranças de pênaltis, com diferentes odds, como são chamadas as cotações que definem os valores de retorno para cada mercado.
Como esse mercado pode ser manipulado?
No esquema investigado pelo MPGO, as odds aumentaram significativamente por se tratar de uma aposta combinada. Nessa modalidade, resultados diferentes multiplicam as cotações e, consequentemente, o lucro.
A aposta era de três pênaltis cometidos nas três partidas e no primeiro tempo, o que também potencializa o retorno, já que as odds são maiores para eventos que ocorrem em um tempo específico do que na partida inteira. Com cotações elevadas, os apostadores investem grandes valores para ter um retorno maior.
Como o valor é pago?
Quando os resultados se confirmam, o dinheiro entra na conta virtual dos apostadores nas casas de aposta. De lá, é possível sacar o valor ou continuar com a quantia no site para realizar apostas futuras. No caso do esquema, segundo os investigadores, os jogadores que cometeram os pênaltis receberam um adiantamento para cometerem os pênaltis, e receberiam parte do lucro depois da aposta ser validada — o que não aconteceu, já que um deles não foi relacionado para a partida.
Outros casos
Esse não foi o primeiro caso de tentativa de manipulação de resultados em apostas esportivas. No ano passado, um funcionário do Santos propôs uma fraude parecida para uma jogada do Red Bull Bragantino em um duelo das equipes no Brasileirão Feminino. A atleta recusou a proposta e relatou o caso para dirigentes, e os dois times trabalharam juntos para punir o responsável. O profissional foi demitido.
O meia suíço Granit Xhaka, do Arsenal, também foi alvo de suspeitas de tentar manipular resultados. Ele recebeu um cartão amarelo em um jogo da Premier League por atrasar o reinício da partida aos 41 minutos do segundo tempo, em uma aposta que previa a advertência para o jogador nos últimos 10 minutos da partida.
Fonte: O GLOBO
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